Um medicamento experimental da Eli Lilly apresentou resultados promissores na redução dos níveis sanguíneos de Lp(a), uma partícula associada ao risco de ataques cardíacos e derrames. No entanto, mais pesquisas são necessárias para confirmar sua eficácia na prevenção dessas condições.
A Partícula que Ameaça o Coração
Aproximadamente 64 milhões de pessoas nos Estados Unidos apresentam níveis elevados de Lp(a), o que pode aumentar significativamente o risco de doenças cardiovasculares. Apesar disso, poucos médicos realizam testes para detectar essa partícula, pois até recentemente não havia um tratamento eficaz. Dieta e exercícios não influenciam nos seus níveis e, até então, não existiam medicamentos específicos para combatê-la.
Um Novo Medicamento Pode Mudar o Jogo
No último domingo, um estudo apresentado na reunião anual do American College of Cardiology e publicado no New England Journal of Medicine revelou que o lepodisiran, medicamento experimental da Eli Lilly, reduziu os níveis de Lp(a) em 94% com uma única injeção. Os efeitos duraram seis meses e não foram observados efeitos colaterais significativos.
No entanto, ainda não está comprovado que a redução da Lp(a) impacta diretamente a prevenção de ataques cardíacos e derrames. Para confirmar isso, ensaios clínicos de larga escala estão em andamento, com previsão de conclusão em 2029. Outras empresas, como a Novartis, também estão desenvolvendo medicamentos similares, com resultados esperados para 2026.
Especialistas Estão Otimistas, Mas Cautelosos
O cardiologista preventivo Dr. David Maron, da Universidade de Stanford, considerou os resultados da Eli Lilly “emocionantes”. A Dra. Martha Gulati, do Cedars-Sinai Medical Center, classificou o estudo como “muito elegante”. Já o Dr. Daniel Rader, da Perelman School of Medicine, destacou que a redução da Lp(a) representa “uma nova e enorme fronteira na medicina cardiovascular”.
Apesar do entusiasmo, os especialistas alertam que nem sempre a redução de um fator de risco se traduz em menos doenças. Um exemplo disso foi o fracasso de medicamentos que aumentavam o colesterol HDL (“colesterol bom”), mas que não reduziram a incidência de doenças cardíacas.
O Que É a Lipoproteína(a) e Por Que Testá-la?
Descoberta em 1974, a Lp(a) é uma mistura de lipídeos e proteínas influenciada pela genética, não pelo estilo de vida. Pessoas com níveis ligeiramente elevados têm 25% mais risco de ataque cardíaco ou derrame, enquanto aquelas com níveis muito altos (10% da população) podem ter esse risco duplicado.
Os cardiologistas recomendam que todos os adultos realizem um teste de Lp(a) ao menos uma vez na vida. Isso é especialmente importante para pessoas com histórico familiar de doenças cardíacas inexplicadas ou ataques cardíacos em idade jovem.
Caso Real: Monte Wooden
Monte Wooden, um bombeiro aposentado de 71 anos, descobriu que sua família tinha um histórico de doenças cardíacas precoces. Apesar de não apresentar fatores de risco clássicos, como colesterol elevado ou hipertensão, ele teve seu primeiro ataque cardíaco em 2006.
Seu cardiologista, Dr. Maron, testou seus níveis de Lp(a) e descobriu que estavam acima de 400 nanomoles por litro (o limite considerado normal é 75). Wooden participou de um ensaio clínico com um dos novos medicamentos e, enquanto esteve no estudo, seus sintomas de doença cardíaca desapareceram. Quando o estudo terminou, ele precisou passar por uma cirurgia de bypass quádruplo.
Conclusão
A redução da Lp(a) é um dos grandes avanços promissores da medicina cardiovascular, mas ainda é cedo para afirmar que os novos medicamentos vão prevenir ataques cardíacos e derrames. Os cardiologistas recomendam que, até lá, pacientes com altos níveis de Lp(a) sejam monitorados e tratem agressivamente outros fatores de risco.
Os próximos anos trarão respostas mais definitivas, mas a esperança é que, em breve, existam tratamentos eficazes para essa condição silenciosa que afeta milhões de pessoas.
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